terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Perdão - Momento Espírita


O ódio


II – O Ódio
FÉNELON
Bordeaux, 1861


            10 – Amai-vos uns aos outros, e sereis felizes. Tratai sobretudo de amar aos que vos provocam indiferença, ódio e desprezo. O Cristo, que deveis tornar o vosso modelo, deu-vos o exemplo dessa abnegação: missionário do amor, amou até dar o sangue e a própria vida. O sacrifício de amar os que vos ultrajam e perseguem é penoso, mas é isso, precisamente, o que vos torna superiores a eles. Se vós os odiásseis como eles vos odeiam, não valereis mais do que eles. É essa a hóstia imaculada que ofereceis a Deus, no altar de vossos corações, hóstia de agradável fragrância, cujos perfumes sobem até Ele.

            Mas embora  lei do amor nos mande amar  indistintamente  todos os nossos irmãos, não endurece o coração para os maus procedimentos. É essa, pelo contrário, a prova mais penosa. Eu o sei, pois durante minha última existência terrena experimentei essa tortura. Mas Deus existe, e pune, nesta e na outra vida, os que não cumprem a lei do amor. Não vos esqueçais, meus queridos filhos, de que o amor nos aproxima de Deus,e o ódio nos afasta dele. (Evangelho Segundo o Espiritismo

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O ódio denota um alto grau de desequilíbrio e doença da alma. É filho direto do egoísmo, do orgulho e da prepotência.

Quem odeia acredita que está em um nível superior ao próximo esquecendo que, como qualquer ser humano, também é falho e sujeito às penas necessárias para o resgate de seus erros.

Sob a ótica espírita, ninguém é inocente, mas se encontra em um processo de desenvolvimento moral que expurga, de maneira proporcional e contínua, as faltas cometidas não apenas nessa existência, mas também das anteriores. Desde que consiga resolver dentro de si as dificuldades diante dos obstáculos que a vida irá apresentar.

O ódio também nos trás uma carga energética negativa muito intensa. Levando-nos ao desenvolvimento de doenças que podem nos causar a morte.
Quem odeia tem normalmente dificuldade em perdoar e, assim, libertar essa negatividade que envenena a sua própria alma.

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O espinho 

(Pão Nosso, Chico Xavier, Emmanuel. Capítulo 126)

“E para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, mensageiro de Satanás.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 12:7.)

Atitude sumamente perigosa louvar o homem a si mesmo, presumindo desconhecer que se encontra em plano de serviço árduo, dentro do qual lhe compete emitir diariamente testemunhos difíceis. É posição mental não somente ameaçadora, quanto falsa, porque lá vem um momento inesperado em que o espinho do coração aparece.

O discípulo prudente alimentará a confiança sem bazófia, revelando-se corajoso sem ser metediço. Reconhece a extensão de suas dívidas para com o Mestre e não encontra glória em si mesmo, por verificar que toda a glória pertence a Ele mesmo, o Senhor.

Não são poucos os homens do mundo, invigilantes e inquietos, que, após receberem o incenso da multidão, passam a curtir as amarguras da soledade; muitos deles se comprazem nos galarins da fama, qual se estivessem convertidos em ídolos eternos, para chorarem, mais tarde, a sós, com o seu espinho ignorado nos recessos do ser.

Por que assumir posição de mestre infalível, quando não passamos de simples aprendizes?
Não será mais justo servir ao Senhor, na mocidade ou na velhice, na abundância ou na escassez, na administração ou na subalternidade, com o espírito de ponderação, observando os nossos pontos vulneráveis, na insuficiência e imperfeição do que temos sido, até agora?

Lembremo-nos de que Paulo de Tarso esteve com Jesus pessoalmente; foi indicado para o serviço divino em Antioquia pelas próprias vozes do Céu; lutou, trabalhou e sofreu pelo Evangelho do Reino e, escrevendo aos coríntios, já envelhecido e cansado, ainda se referiu ao espinho que lhe foi dado para que se não exaltasse no sublime trabalho das revelações.
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Enfim, alimentar o ódio é cegar e ir de encontro ao que o Mestre Jesus nos ensinou através de seus exemplos de humildade, amor e caridade para com o próximo.

Que a paz do Senhor esteja convosco.

Violência Contra a Mulher




http://www.compromissoeatitude.org.br/wp-content/uploads/2014/04/IPEA_sips_violenciamulheres04042014.pdf

Comecei com um documento baseado em estatísticas, pois assim, procuro justificar os meus pensamentos com dados e não com achismos. O achismo é desestruturado por si mesmo e não há solidez argumentativa. A lógica e a coerência são posicionamentos que acompanham por obrigação toda e qualquer justificativa de discurso espírita. Quem não o faz, sendo espírita, está indo de encontro a uma de suas mais fortes premissas.
Penso que o mesmo deveria ocorrer com as demais religiões. No entanto, infelizmente, algumas insistem ainda no imaginário ou mesmo na realidade fantástica. Assim como faziam os nossos ancestrais primitivos.
É sabido que a redação do ENEM desse ano tratou da questão da violência de gênero. Especificamente sobre a mulher.
Óbvio que poderiam ter discorrido sobre quaisquer outros tipos de violência, mas há de se escolher um universo menor para que a ação de redigir se faça possível.
Mas, pergunto: por que tanta celeuma?
O tema "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" foi motivo de grande furor virtual. Tanto de defensores quanto de opositores.
Mas por que tanta oposição? Os dados levantados por entidades sérias e comprometidas seriam mentiras?
É importante deixar claro que o objetivo não é tornar o homem um bandido, mas educar o homem de hoje e o homem do amanhã para suas obrigações como cidadão. Bem como a mulher de hoje e a mulher do amanhã para que também tenha seus respectivos compromissos.
Uma família, como dissemos anteriormente, é composta por um grupo que se ama e se cuida mutuamente. Ao meu ver, não há outra forma de pensar em família sem ser pelos laços de amor.
Portanto, construir culturalmente pensamentos que cultuam o respeito mútuo, independente de gênero, raça, cor, credo, orientação ou quaisquer outra forma de simplesmente ser, no sentido de indivíduo, é mais que necessário.
As cores que nos apresentam dia a dia diante de nossos olhos ou, se formos cegos, os sons que se propagam e tomam forma para a nossa localização espacial, por exemplo, são aglomerados de diferentes partes cujo todo formam um conjunto que nos guia. Uma maneira na qual Deus nos coloca como personas inseridas nesse Cosmo e coparticipantes.
Tudo, fazendo um paralelo com o filme Cloud Atlas, está conectado. Assim pensam os filósofos Deleuze e Guattarri na sua teoria rizomática. Em outras palavras, somos todos responsáveis, sem exceção, por tudo que nos cerca. Por nossas alegrias e tristezas, por nosso sucesso e nosso fracasso.
No entanto, é necessário que tenhamos em mente a obrigação de construir um mundo melhor. De plantarmos positividade e pararmos de vitimismo, bem como de pararmos de ser meios de propagação de miasmas. Enfim, somos e vivemos o que pensamos.
A violência nada mais representa que o desequilíbrio da alma, o egoísmo latente, a prepotência e a arrogância. Um pseudo sentimento de superioridade.
A violência grita na denúncia de um ser moralmente atrasado cujos vestígios da primitividade ainda não foram excretados.
É importante que as mães ensinem a seus filhos o cuidado que devem ter com as suas parceiras, a dedicação, o respeito. E as suas filhas, além do mesmo, o acréscimo de amarem-se como seres que são e, jamais como subgênero em uma sociedade que insiste em ainda ter o homem como centro de todas as atenções e direitos.
Quando interrogado sobre a mulher que havia "traído" o marido, Jesus apenas respondeu que aquele que tivesse sem pecados atirasse a primeira pedra.
Hoje, como ontem, sairíamos todos cabisbaixos e em silêncio diante da "pecadora", pois não temos e nunca teremos, nesse mundo de provas e expiações, moral alguma em relação aos possíveis erros de nosso próximo.
Sejamos mais caridosos e mais benevolentes. Baixemos a guarda e não carreguemos bandeiras das quais somos completamente incompetentes de fazê-los.

Que a paz do Senhor Jesus esteja convosco.

O Egoísmo



O egoísmo, esta chaga da Humanidade, deve desaparecer da Terra, cujo progresso moral retarda; ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la subir na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o objetivo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas armas, suas forças e sua coragem; digo coragem porque é preicso mais coragem para vencer a si mesmo do que para vencer os outros. Que cada um, pois, coloque todos os seus cuidados para combatê-lo em si, porque esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias deste mundo. É negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.
Jesus vos deu o exemplo de caridade e, Pôncio Pilatos, o do egoísmo; porque enquanto o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos dizendo: Que me importa!Ele disse aos judeus: Este homem é justo, por que quereis crucificá-lo?e, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.
É a esse antagonismo da caridade e do egoísmo, à invasão dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve não ter cumprido ainda toda a sua missão. É a vós, apóstolos novos da fé e que os Espíritos Superiores esclarecem, a quem incumbe a tarefa e o dever de extirpar esse mal, para dar ao Cristianismo toda a sua força e limpar o caminhos das sarças que lhe entravam a marcha. Extirpai o egoísmo da Terra, para que ela possa gravitar na escala dos mundos, porque já é tempo de a Humanidade vestir o seu traje viril e, para isso, é preciso primeiro extirpá-lo do vosso coração. (Evangelho Segundo o Espiritismmo.Cap.XI-11)

domingo, 4 de outubro de 2015

A Serenidade


Casas Mal Assombradas


Haverá quem acredite em casas mal-assombradas? De um modo geral, se pensa que são contos das vovós para assustar crianças. Contos para espíritos fracos e crédulos, pensam muitos.

Mas a história de casas mal-assombradas é tão velha quanto o mundo.

Já se soube de casos em que se descobriu que os fatores que provocavam ruídos não passavam de artifícios usados para amedrontar os moradores, vingar uma injustiça, desacreditar uma casa para comprá-la barato ou simplesmente para rir às custas dos ingênuos.

Em outros casos, os ruídos estranhos, aumentados pelo silêncio das noites e a imaginação excitada, demonstraram ser apenas animais domésticos em movimento: cães, gatos, ratos, morcegos ou o vento a estalar velhas traves, batendo portas e derrubando objetos.

Mas nem todos os casos de assombração se podem enquadrar nessas explicações.

É uma realidade a existência dos fantasmas que assombram algumas casas.

Na Inglaterra, os fantasmas são atração turística, o que significa boa fonte de divisas. A Associação Britânica de Viagens divulga o Guia dos fantasmas britânicos.

Os jornais anunciam casas para alugar, com fantasmas ou sem fantasmas.

Consta existirem na Grã-Bretanha dez mil fantasmas, mais ou menos catalogados, três mil dos quais podem ser visitados nos locais que frequentam.

A Torre de Londres é um viveiro superlotado desses esquisitos e transparentes seres, todos irmãos nossos, em tarefa regenerativa.

Conta-se que até hoje o fantasma de Ana Bolena, a infeliz rainha e esposa de Henrique VIII, reside no palácio de Hampton Kurt, perto de Londres.

Por que, é de nos perguntarmos, os Espíritos permanecem em certos lugares, onde viveram, trabalharam quando possuíam um corpo de carne?

Alguns são somente Espíritos que se desejam divertir. Isso mesmo: se divertir às custas dos sustos alheios. Outros têm por objetivo vingança.

Sabe-se do caso de um Espírito, que atormentava a casa de duas irmãs. Em certo momento disse que aquilo fazia para as castigar. Elas falavam muito mal do próximo e ele mesmo, quando encarnado, fora vítima das suas calúnias.

De outras vezes, são Espíritos necessitados que desejam chamar a atenção para sua existência.

Finalmente, existem os que permanecem fixados a certos lugares pelos dramas que ali viveram ou tarefas que desempenharam.

É comum, ainda hoje, em castelos europeus, serem identificados Espíritos de soldados e oficiais nazistas a montarem guarda, a executarem ordens como se não tivessem perdido o corpo físico.

Que desespero o de verem pessoas adentrarem salas e escritórios para bisbilhotar, como acreditam eles!

O que, portanto, as pessoas chamam de fantasmas são Espíritos, as almas dos homens que morreram e não se deram conta ou permanecem vinculados às coisas da Terra.

O remédio para eles é a prece. Alfred de Musset dizia que a prece é um grito de esperança.

Orar, assim, em benefício daqueles que, libertos da carne, ainda se conservam ligados ao ambiente terreno em que viveram e cometeram crimes, desatinos, é um ato de caridade.

Pensemos nisso e exercitemos essa prática.



Redação do Momento Espírita, com base no cap.2
do livro As casas mal-assombradas, de Camille
Flammarion, ed. FEB e na pág. 26 da revista Presença
espírita, nº 18, ed. LEAL.
Em 30.9.2013.

Intolerância Religiosa

         

Transcrevemos a descrição daquilo que se chamava auto-de-fé:

         “O auto de fé - diz o escritor - consistia em apanhar uma dúzia de culpados, na consciência dos quais se haviam encontrado uns pensamentos escondidos (un recel de pensées); empilhavam-se, então, feixes de lenha, muito bem colocados, uns sobre outros, em boa ordem e simetria, visto que nossa Santa Madre Igreja sempre foi inimiga da desordem; do monte de achas emergia um poste; havia três, dez, algumas vezes uns vinte, destes belos postes, muito convenientemente espetados; ligavam-se a eles, com cordas inteiramente novas, os malandros suspeitos de medíocre fervor católico. Depois,  vinham os monges com círios e punham fogo aos feixes; a fumaça ascendia; as chamas precipitavam-se; os infortunados tentavam esforços sobre-humanos por se libertarem dos laços; a carne tostava; escapavam-se lhes bramidos de dor... Morriam em inomináveis agonias, com a face retorcida, a alma desesperada por tanta perversidade. Chamava-se a isto um auto-de-fé." (9)

          Um exemplo, este nosso:

         Giordano Bruno proclamava que milhares de mundos, sóis inumeráveis se achavam disseminados na infinita amplidão; que a Terra era um átomo lançado no espaço; não tinha importância especial nem preeminência com relação a outras terras, as quais também se moviam no etéreo espaço infinito; afirmava que tudo é perfeição e ordem na natureza, devendo ter-se como errada a doutrina que conferisse prerrogativas ao atrasado mundo em que habitamos.

          Essas e outras profundas heresias fizeram-no subir à fogueira purificadora.

          Na data de sua execução, que foi a 17 de fevereiro de 1600, as ruas da cidade de Roma estavam repletas de povo. Nada menos de cinquenta cardeais vieram para a grande festividade crematória. Por toda parte viam-se as filas de peregrinos, longas, intermináveis, com variado indumento, que se iam de igreja em igreja implorar o perdão de seus pecados, e encomendar as santas almas ao Criador.

          No meio da plebe notavam-se príncipes e eminentíssimas personagens e não raro, atrás deles, o pontífice.De todas as bocas se erguiam preces; todos os joelhos baixavam à terra; as procissões desembocavam de todas as esquinas. Era uma demonstração nunca vista de humildade e brandura. Disseram-se em S. Pedro quarenta e uma mil e duzentas e trinta e nove missas (41. 239), havendo, também, um número espantoso de comunhões.

          Ouçamos, agora, Arturo Labriola e Lúcio Vero:

          "Quell' immenso concorso di popolo - i cronisti del tempo [anno ascendere a tre milioni ilnumero dei pellegrini convenuti a Roma - quel continuo pregare sembravano il segno piu sicuro che tutti i cuori dovessero inclinare a misericordia e perdono, e tutti congiungersi amorevoli nel Redentore pacifico dell' umanità. Pure non era cosi."

          "Aquele imenso concurso de gente - os cronistas do tempo faziam ascender a três milhões o número de peregrinos vindos a Roma - aquelas contínuas rezas pareciam o mais seguro penhor de que todos os corações ali estavam para se inclinar à misericórdia e ao perdão, para se unirem, em amor, ao Redentor pacífico da humanidade. Mas tal não se dava." (9-A)

          De fato, não foi o que se viu. O pobre filósofo, cujo imenso crime era não estar ao nível da ignorância da época, nem concordar com a escravização do pensamento, foi ao suplício, acompanhado da imensa multidão Que enxameava nas ruas e nos templos. Os sacerdotes empunhavam crucifixos; soldados e guardas conservavam as suas armas, como se temessem ainda o prisioneiro, que marchava a pé, sem um parente, sem um conhecido, sem um amigo ao lado, amarrado, acorrentado, encadeado, em direção ao local do martírio, que, por ironia, tinha o nome poético de Campo das Flores.

          O cortejo fúnebre cantava litanias, fazia orações e lançava anátemas ao condenado.

          Depois o puseram sobre as achas e lhes deitaram fogo, enquanto a multidão piedosa alternava os olhares entre o Céu e as chamas, como agradecendo àquele o esplendoroso espetáculo que estas lhe proporcionavam.

          E assim se extinguiu, nas contorções do hediondo martírio, aquele homem ilustrado, clarividente, sincero e bom, mas que abalara a Igreja secular com as verdades que viera trazer ao mundo.

          Resta-nos, hoje, no século das luzes, luzes certamente mais brandas, o consolo de que já não seremos queimados. Apenas, as verdades espíritas, na opinião de muitos, ainda se não podem ou se não devem dizer de público, pelo menos nas escolas.

(9) Michel Zevaco - "Triboulet"

(9A) Arturo Labriola e Lucio Vero - "Giordano Bruno" pág.87, Roma, Ed.Podrecca e Galantara.

Autor: Carlos Imbassahy

Fonte: Religião - Palavras Preliminares (Página 46)
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Fonte do texto acima: http://www.vademecumespirita.com.br/goto/store/texto/656/a-intolerancia-religiosa-e-a-ignorancia

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Momento em que pais adotivos vão buscar seus filhos no orfanato


Os Filhos

(Do Livro "O Profeta", Kahlil Gibran)

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
         
Vossos filhos não são vossos filhos.        
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.        
Vêm através de vós, mas não de vós.        
E embora vivam convosco, não vos pertencem.        
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,        
Porque eles têm seus próprios pensamentos.        
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;        
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,        
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.        
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,        
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.        
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.        
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força        
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.        
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:        
Pois assim como ele ama a flecha que voa,        
Ama também o arco que permanece estável.

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Ter filhos ou não? Escolha consciente!


Por Ana Elisa Oliveira

A farmacêutica Jacqueline Máximo, 47 anos, de Belo Horizonte (MG), sempre teve receio de ser mãe. “Sempre fui muito analista a respeito das coisas do mundo, afinal, ele não está fácil. Ao mesmo tempo em que sair da minha zona de conforto, para mim, era uma prova ter filhos”, conta. Ainda assim, Jacqueline decidiu superar o medo quando estava com 39 anos, porque o marido queria muito ter filhos. “Cheguei a chorar quando pegamos o resultado, mas o meu marido ficou tão feliz e recebi tanto carinho das pessoas que fui me tornando uma grávida mais satisfeita”, lembra Jacqueline.

Com o dia a dia das pessoas cada vez mais corrido e o mundo apresentando tantos desafios, a decisão de ter ou não filhos ainda é bastante discutida nos dias de hoje. Os recursos que a indústria e a tecnologia dão ao ser humano, na Terra, têm tornado a rotina cada vez mais eficiente. No entanto, esta praticidade das tarefas gera mais compromissos, ocupando quase todo o dia das pessoas. A tecnologia (aparelhos de celular, internet), o trabalho, as atividades físicas, as viagens, o lazer trazem, como consequência, a falta de tempo, o estresse e o cansaço. As lacunas de tempo que antes serviam ao relacionamento mais próximo com a família e amigos já quase não existem.

Desta forma, ter filhos deixou de ser uma obrigação. E sem falar que as mulheres estão cada vez mais assumindo funções no mercado de trabalho, o que torna o cenário ainda menos propício a uma possível expansão da família. Aliado a tudo isso, as diversas alternativas que hoje existem para o planejamento familiar e para evitar a concepção, além do receio de assumir ainda mais responsabilidades, o que faz com que as mulheres, principalmente, adiem – e até excluam – essa opção de suas vidas.

Pontua-se, aqui, ainda, que a Doutrina Espírita se opõe totalmente a qualquer tipo de aborto, ou seja, a qualquer forma de interrupção do óvulo já fecundado, em qualquer situação que tenha sido concebido – já que a união do espírito com o corpo se dá no momento da concepção. Desta forma, ainda que a oportunidade de tornar um espírito reencarnado por meio de uma gestação seja uma missão de grande oportunidade para a evolução, a responsabilidade também tem a mesma proporção. Segundo a estudiosa da doutrina e advogada Simone Rachid, trabalhadora da Fundação Espírita Carita, em Belo Horizonte, pais e filhos geralmente têm histórias entrelaçadas há várias encarnações, e elas podem, muitas vezes, ser alternativas para apaziguar relações conflituosas.

A escolha de trazer uma nova vida ao mundo, hoje, não é somente racional. A psicóloga Christiane Roussin explica que trata-se principalmente de um ato de humildade, amor e caridade. “Humildade, por reconhecer que somos falhos, que criamos uma sociedade adoecida nos seus valores morais e espirituais; amor, por querer compartilhar este mundo com o bebê que virá da forma que vier (com toda sua carga genética e energética); e caridade, por saber de todos esses aspectos e mesmo assim estar aberto aos desafios de ser pai e mãe”, afirma.

A decisão de ter filhos e do melhor momento para isso faz parte do planejamento reencarnatório e do livre-arbítrio de cada um. No livro Nossos Filhos são Espíritos, o autor Herminio Miranda relata a emocionante experiência da paternidade, o que também traz responsabilidades. “A geração de um corpo humano para que nele se instale um espírito é uma decisão grave, pejada de implicações e consequências. Representa um convite formal a alguém que já existe numa dimensão que nos escapa aos sentidos habituais e que estamos propondo receber, criar e educar, oferecendo-lhe nova oportunidade de vida”, afirma o autor.

Simone Rachid compartilha desta opinião. “A nossa consciência será sempre o sinalizador das nossas decisões e podermos sempre optar e escolher o nosso caminho, faz parte da nossa evolução”, pontua. No entanto, ela faz ressalvas quanto às consequências, que podem ser bastante positivas. “As dúvidas que muitas vezes permeiam a decisão da maternidade ou paternidade são superadas pela alegria de poder recomeçar, fazer novos caminhos, estabelecer novas relações e desenvolver cada vez mais a capacidade de amar e ter certeza de que essa trajetória transforma a nossa vida”, afirma Simone.



Missões Diversas em um Mundo Atribulado

Algo que impede e adia a decisão de muitos casais de gerar uma nova vida é a turbulenta rotina que o século XXI proporciona, com responsabilidades cada vez mais extensas e tempo livre cada vez mais curto, além da preocupação com a vida financeira. A advogada Flávia Penido, 28 anos, se vê mãe desde a infância, e até mesmo imagina seus filhos a esperando em casa quando chega do trabalho. 

Ainda assim, ela adia o momento porque espera se estabelecer profissionalmente, já que terá que abrir mão de muita coisa. “Considerando os meus objetivos profissionais, apesar de planejar e tentar organizar minha vida para que no momento do nascimento eu tenha tempo para dedicar aos meus filhos, acredito que não vou conseguir evitar que ela esteja bastante agitada e sei que vou precisar fazer algumas renúncias. Talvez sejam essas renúncias que mais me preocupam”, pondera Flávia.

A decisão de não ter filhos não é repreendida, já que cada um sabe, de acordo com a sua consciência, das suas reais responsabilidades e missões nesta vida. A jornalista Bruna Miranda, de 32 anos, não pretende ter filhos porque se engajou de tal maneira a certas causas – e talvez por isso tenha deixado um pouco de lado o instinto maternal. “Depois de várias mudanças profundas na minha maneira de enxergar a vida, na minha espiritualidade e até profissionalmente, sinto que minha ‘missão’ é muito relacionada ao que amo fazer, que é a busca por ações com propósitos e por mudanças positivas, e tão necessárias, em questões de direitos humanos, campanhas ambientais e causas animais”, diz. Ela acrescenta que pode mudar de ideia e que “a decisão não é a de não gerar uma nova vida, mas me dedicar e ajudar, como puder, as vidas que aqui já habitam e o nosso meio ambiente”.

A fisioterapeuta Thaís Cruz, de 31 anos, sempre quis ter filhos, no entanto, terminou um relacionamento de cinco anos recentemente. “Estava imaginando que seria mãe no próximo ano, mas acabei me divorciando. Estava preparando minha saúde física e mental para assumir essa responsabilidade”, conta. Agora, Thaís tem novos planos, como a realização do sonho de estudar Medicina. Ela não descarta a vontade de ter filhos, mas enxerga que também pode ter outros objetivos edificantes, assim como Bruna. “Se por acaso não os tiver, estarei pelo mundo afora praticando Medicina solidária. Dedicarei a minha vida aos mais necessitados, principalmente aos irmãos africanos e também aos brasileiros e na América Latina”, afirma Thaís.

O que dizem as obras de Kardec

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec traz algumas interpretações sobre o tema e pergunta, na questão 693: “São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução?”. Como resposta dos espíritos, recebe a mensagem: “Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral.” Em seguida, ainda na mesma pergunta, ao questionar o impedimento da reprodução de espécies que podem ser nocivas até mesmo ao homem, ganha a seguinte resposta: “Deus concedeu ao homem, sobre todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades. Não deve opor-se-lhe sem necessidade.”

Pode-se concluir que já no século XIX a interpretação que os espíritos traziam a respeito da reprodução humana era flexível. Falava-se na necessidade da reprodução humana, mas ainda assim Kardec lembrava que tudo deve ser feito dentro dos limites do livre-arbítrio.

Fonte: http://serespirita.com.br/ter-filhos-ou-nao-escolha-consciente/

Intolerância Religiosa e Homossexualidade: Qual o papel das religiões?

Por Elaine Prada

“A minha experiência com a religião não foi das melhores, embora eu tenha sido bem acolhida e incentivada pelo meu pai a perseverar, a minha condição era vista como pecado e a minha presença na igreja era tida como um caminho para a cura. Eu me questionava constantemente: se não sou doente, porque querem me curar?”

A indagação é da jornalista A.P., de 28 anos. Ela é homossexual e sempre teve dúvidas sobre as afirmações da igreja a respeito de sua opção sexual.

T.M., administrador de 32 anos, também homossexual, indaga da mesma forma. “Meu pai não me aceita até hoje, não entende e não faz questão de entender. Sem o apoio incondicional da minha família, busquei suporte em algumas igrejas, mas o fato é que não me senti compreendido em nenhuma delas, além disso, vejo constantemente citações de ódio por membros da igreja na TV que me fazem repensar a fé e vendo essas situações, a necessidade que tinha por uma busca espiritual, nem sei se tenho mais.”

Relatos assim não são difíceis de encontrar. Muitas religiões – e é importante deixar claro que nem todas se encaixam nesse perfil – estão sendo utilizadas como plataformas de promoção para pessoas ambiciosas, que apoderam-se de discursos medievais e da fé do povo, para incitar o ódio, fazendo exatamente o contrário do que a igreja ou mesmo os ensinamentos cristãos ensinam.

Diante da diversidade e da isonomia que a natureza apresenta, e diante da reencarnação e da evolução continua, quem de nós estará livre de encarnar um dia com sentimentos semelhantes?

Para o diácono Augusto Langa, essa religião que condena não é a “igreja de Deus”, mas sim, a igreja dos homens. Segundo Langa, a religião não deve ferir a liberdade e a dignidade humana, mas sim, acolher e orientar, de acordo com sua interpretação do que é correto e justo. Ele lembra ainda que a religião deve aceitar a diversidade sempre. “É nesse momento, inclusive, que as igrejas precisam demonstrar a solidariedade e a fraternidade que tanto pregam”, analisa Langa.

Dicionários revelam que intolerância significa a falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças, intransigência com relação a opiniões, crenças e o modo de ser que reprovamos ou julgamos falsos. Percebe-se que a intolerância está em todo o lugar e não há necessidade de ir muito longe para se encontrar sinas de profunda austeridade.

Para o sociólogo e teólogo espírita, Guilherme Knopak, dentro da ótica do Espiritismo a homossexualidade é uma grande oportunidade de aprendizado e evolução. “A homossexualidade representa um espaço de expressão que permite ao espírito agregar valores e saberes para a sua trajetória reencarnatória”, analisa. Ele lembra que o Espiritismo não discrimina. “Não podemos reduzir nenhum indivíduo a uma capacidade ou atributo, mas entendê-lo em sua integralidade”, conclui Knopak.

O sociólogo e teólogo espírita utiliza-se da afirmação do intelectual norte-americano Gore Vidal em que ele explica que não existem pessoas homossexuais ou heterossexuais, mas atos homossexuais e heterossexuais. E o que isso quer dizer? Em resumo, significa que a homossexualidade também representa uma possibilidade de evolução, desde que essa condição possibilite a construção de uma existência pautada em valores morais. “Se os valores de uma relação homossexual forem de construção e amor ao próximo, também representam formas de processo de edificação do espírito”, comenta.

Segundo Knopak, a sexualidade é parte integrante de sua individualidade e de suas possibilidades de expressão e aprendizado no contexto material de reencarne, portanto, não cabe à religião “legislar” sobre a preferência sexual do ser humano, mas sim, orientar as pessoas para que vivam no amor e respeito mútuo.

O diácono Langa destacou ainda aquele que é o maior mandamento de todos e que deveria ser interpretado como um modelo para a vida, não permitindo questionamentos como esses que vemos atualmente: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado.” (Jo 13,34).



Fonte: http://serespirita.com.br/intolerancia-religiosa-e-a-homossexualidade-afinal-qual-o-papel-das-religioes/