terça-feira, 29 de setembro de 2015

Conflitos


O Argueiro e a trave no olho


“Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho do teu irmão”.(Mt 7:3-5) 
“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar de resistir à atração do mal?”
“Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.” (Livro dos Espíritos, pergunta 919)
 É comum, infelizmente, a todos nós termos olhos afiados para as falhas alheias e, no entanto, sermos tão cegos para conosco.

Na passagem de Jesus com a mulher chamada de adúltera:
"Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos.
Eles disseram:
— Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério.
De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo.
Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles:
— Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão.
Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé.
Então Jesus endireitou o corpo e disse:
— Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
— Ninguém, senhor! — respondeu ela.
Jesus disse:
— Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais!"
Jesus nos mostra que é importante limparmos a nossa casa interior, observarmos os nossos erros e sermos indulgentes para com o próximo. Sabemos, no entanto, que devido às nossas chagas morais, é muito difícil agirmos assim. Embora seja completamente correto agir assim.

Estava lendo ainda hoje, em uma revista que trata da subjetividade humana no aspecto de manter-se bem relacionado com o mundo e as pessoas no geral, que os conflitos estão muito ligados a falta de flexibilidade nas relações. Ou seja, o meu ponto de vista vale mais que o seu ponto de vista. Quando na verdade, o nosso ponto de vista difere.

Quem está certo? Podem ser ambos, uma das partes ou nenhum.

Primeiramente, como eu havia escrito em posts anteriores, é importante e crucial termos o Evangelho de Jesus como guia de nossas vidas. O Antigo Testamento é interessante e possui partes interessantes, mas ler e ter como guia o Evangelho de Jesus é introjetar a maneira correta que visa o amor ao próximo.

Algumas religiões ainda pregam praticamente o olho por olho, dente por dente. Em outras palavras, a rigidez do código de Hamurabi na versão do antigo judaísmo em contraste com o amor incondicional pregado por Jesus.
"Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, pois que Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos. …" (Mt 5:44)
Mas, quem somos nós para julgarmos o nosso próximo se nem ao menos somos capazes de curar as nossas imperfeições? Se ainda estamos enlameados pelo egoísmo que nos invade a mente e a alma? Onde nos julgamos senhores ou senhoras de todas as virtudes e algozes cruéis de nossos semelhantes? Onde nos julgamos superiores por ilusões chamadas classes sociais, cor de pele, base intelectual e adjetivos similares?

Quando nos libertarmos de nossa cegueira moral, poderemos nos permitir o olhar sobre aquele que, nesse momento, se encontra em uma situação mais precária que a nossa. Mas atenção! A precariedade pode ser apenas material, não necessariamente moral, pois aquele a quem nossos olhos insistem em ver em condições inferiores, muitas vezes moralmente são superiores a nós.

É importante observarmos que a vida, seja dessa leva na qual nos encontramos ou nas vindouras, respeita ao que nas cartas de tarô chamaríamos de roda da fortuna, ou seja, quem um dia se sente "por cima", amanhã - e entenda esse amanhã como algo que transcende a linha do tempo comumente conhecida - pode e estará "por baixo". Mas veja, muito disso sob o ponto de vista material, ou mesmo em obstáculos de vida que escolhemos (expiações) ou necessitemos passar (provas).

O mais importante é que possamos desenvolver a consciência de que somos realmente irmãos e irmãs. Filhos do mesmo Pai misericordioso que nos ama incondicionalmente.

Que os nossos irmãos que hoje cometem atos insanos - seja em que nível for -, amanhã, após percorrer longa estrada de aprendizado na dor, seguirá, como nós, aos braços de nosso Pai Amado, pois todos, sem exceção, somos filhos pródigos.

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